quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PAG.22 - BRIGA EM CASA

Sabe aquele dia que você sabe que tem uma bomba pronta pra explodir? Estou ,me sentindo assim.

Acordei, lanchei e estava indo pro clube quando encontrei um amigo gay que me chamou para sentar no cruzeiro. Fomos. Daqui a pouco chegaram mais três ( gays também) e ficamos os quatro ali, conversando. Tem um que dá pinta demais, e toda hora que o bus passava, ele desfilava e dava um showzinho particular, eu ria das cenas, mas no fundo pensava que ia chegar aos ouvidos de minha mãe. Tiramos uma fotos com poses estranhas pro convencional.

Voltei pra casa e pela cara de minha mãe, vi que algo havia acontecido e não deu outra. Ela disse que meu irmão havia me visto com um bando de “ mariquinhas ” e que os vizinhos estavam comentando a meu respeito. Discutimos feio. Como sempre, bati a porta do quarto. Liguei o som o mais alto possível e deixei o mundo do lado de fora Fiquei trancado até a noite quando o meu pai chegou. Pelas batidas na porta, vi que ia ter “ show”. Abri a porta e meu pai, já entrou gritando. Falei que eu não era surdo e que os vizinhos não precisavam saber de nossa vida, ele disse que não dava satisfações a vizinhos e falou mais alto ainda. Já que ele gritava, peguei uma revista e comecei a folhear. Ele bruscamente me arrancou a revista das mãos e jogou longe. Ele me fez uma pergunta e eu não respondi, ele ameaçou me dar um tapa e eu mandei ele dar, disse que ia ser o primeiro e único . Ele parou com a mão no ar e saiu batendo porta. Continuei no quarto.

Troquei de roupa e quando estava saindo ele disse que eu não iria porque ele não deixava.Abri a porta e antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, já estava na rua.

Liguei para os meu amigos, do orelhão perto de casa e marquei com eles no bar do beco.

Cheguei no bar, estava lotado. O samba estava pegando. Comecei a olhar pra um compositor,que sempre achei muito bonito. Ele pegou o violão e começou a tocar: “ Gosto muito de te ver leãozinho “, a musica é do Caetano Veloso, acho essa musica linda, porque me lembra o trocador. Comecei a cantar junto com ele e ele praticamente tocou a musica pra mim. Ele acabou de tocar, repousou o violão nos joelhos , me fez um aceno com o copo de cerveja e eu claro aceitei. Ele pegou a garrafa de cerveja, deu uma disfarçada e sentou na nossa mesa, meus amigos vazaram ( não precisei mandar). Ele morava por perto e eu saindo na frente o esperei na esquina da galeria. Foi uma noite maravilhosa, ele é tudo de bom.

Saí da casa dele, morto, ele realmente me esgotou.

Quando cheguei em casa, abri a porta e dei de cara com o meu pai na sala, sentado no sofá e já me recebeu aos gritos. Não dei uma palavra. Ele ficou com mais raiva ainda, por não retrucar, mas as ultimas palavras dele, guardei bem: “ FILHO QUE EU SUSTENTO, TEM DE FAZER O QUE EU QUERO...”

Tomei banho, troquei de roupa e saí. É assim não é, vou mostrar pra ele do que sou capaz..

Entrei em varias lojas e numa delas consegui um emprego de balconista. O salário não é grandes coisas, mas pelo menos ele não vai precisar me sustentar.

Comecei a trabalhar na mesma hora e os patrões, parece que gostaram muito de mim. È um casal de velhos e um senhor que administra.

Foi legal, a loja é um armarinho e tem de tudo um pouco. E como tem movimento. é uma mina de dinheiro.

Cheguei em casa, minha mãe perguntou onde eu estava e contei que havia arrumado um serviço. Coração de mãe é igual picolé no sol, derrete atoa. Me abraçou, chorou e conversamos muito. Minha mãe é meu tudo, a gente briga, mas se ama muito.
Quando meu pai chegou ela contou pra ele. Ele entre os dentes respondeu: que bom.

Gostaria tanto que meu pai fosse meu amigo, mas infelizmente tenho um cara que me colocou no mundo, e me dá um prato de comidas...

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