sexta-feira, 14 de novembro de 2008

PAG 13 - RIO DE JANEIRO

Todos os meus amigos já viram o mar, eu ainda não.

Não sou de mentir em casa, mas se eu falar que vou ao Rio de Janeiro, sosinho, a casa vai cair.

Sexta feira, 15hrs havia acabado de chegar do clube, estava deitado no quarto vendo televisão, quando vi no jornal, Copacabana. Nossa deve ser lindo.

Levantei, tomei banho, coloquei na mochila, uma calça, uma camisa, uma cueca, uma blusa, escova de dentes,pasta, sabonete e dizendo para a minha mãe que estava indo passar o final de semana na casa da namorada, mas que não adiantava ligar pra lá, pois nós iriamos pra casa de uma tia dela, na roça.

Passei na casa da namorada e disse pra ela que minha irmã tinha pedido pra que fosse ao Rio de janeiro ver a minha tia, que não estava bem e que a minha mãe não podia saber.

Peguei o bus ( não era o trocador) e fui para a rodoviaria. Imagine a adrenalina, meu coração não cabia no peito.

Desci na praça da estação e fui pegar uma grana emprestada com um primo.

Estava descendo a rua com o pensamento longe, quando olhei para a janela de um apartamento e adivinha quem estava lá ? aposto que voce não vai acertar. Ele mesmo, o trocador. Bati a campainha e meu primo veio sorrindo, sutilmente perguntei quem era o cara da janela, e meu primo sem desconfiar me passou a ficha completa, já que eram amigos e foram criados juntos. Meu primo ainda disse: vou te apresentar ele, é muito gente boa, eu sempre saio com ele pras domingueiras. Disse que não precisava, me despedi e fui para a rodoviaria.

Quando fui comprar passagem, o vendedor perguntou se era pra mim, que eu era menor de idade e não poderia viajar, eu sorrindo disse que era pro meu pai e me encaminhei para o embarque.

Acendi um cigarro, abri as pernas e provocando um andar de macho, me encaminhei para o bus. O motorista me olhou de cima em baixo e me disse: voce precisa tomar cuidado, ainda mais indo para o Rio. Não entendi, esbocei um sorriso amarelo e cara de retardado, perguntei porque. Ele disse: olha o fecho da sua mochila, todo aberto.

Agradeci, e com as pernas bambas, subi no bus.

O motorista ligou o bus, nos desejou boa viagem, e lá vamos nós.

Quando o bus passou perto de minha casa, imaginei minha mãe na cozinha, conversando com meu irmão e dizendo que eu estava na casa da namorada. Coitada, não gosto de engana-la, mas o que os olhos não veem, o coração não sente. Se eu não fizesse isso, não conheceria o Rio tão cedo.

Deixei meus pensamentos fluir, e viajei até o trocador. Imaginei ele ali comigo, fazendo essa loucura. Duvido que ele faria faria isso, tem cara de ser muito certinho.

Cheguei na rodoviária. Que loucura, nunca vi tanta gente junta, creio que só a Rua Halfeld no carnaval. Não sabia o que fazer e fui seguindo um casal na minha frente.

Atravessei a pista e fui pedir informações a um guarda. Ele me informou e eu pedi informações sobre o" frescão" que é o bus com ar condicionado. Nossa que show, um bus com o " ar condicionado", tudo de bom.

Me acomodei e fiquei imaginando a cara dos meu amigos quando eu contasse. Eles não sabem nem o que é ar condicionado em casa, imagine num bus.

Desci em copacabana. Imagine, eu na famosa calçada de Copacabana. Achei uma loucura, e o mar ? de longe ouvia seu barulho. Tirei o tenis, coloquei na mochila, e molhei meus pés. Será que a agua é salgada mesmo? Sutilmente, molhei os dedos e como se passasse agua no rosto, provei. Caracas é salgada mesmo. Caminhei um bom trecho pela praia.

Estava com fome, parei na lanchonete, e depois de lanchar, perguntei onde eu poderia achar uma pensão. O cara me disse que havia uma senhora que alugava quartos na Av. N. Sra. de Copacabana. Lá fui eu.

Deixei minha mochila no quarto, tomei um cafezinho, a velhinha super simpática, me deu as boas vindas e como se fosse minha mãe, teceu varias recomendações.

Fui para a rua.

Sentei no banco na beira da praia e viajei. Notei que um carro, passou devagarinho e o motorista me deu um sorriso como se me conhecesse. Retribui meio sem graça. Ele fez o contorno e estacionou. Fez um gesto me chamando, mas eu fingi não entender. Ele desceu do carro e dizendo que havia esquecido o isqueiro no carro, pediu pra eu acender o cigarro dele. Acendi, ele pediu para sentar, e começamos a conversar. Ele muito educado e gosador, começou a me gosar por causa do "uai". Me chamou pra tomar um chopp, e eu disse que não tinha grana, e que tinha ido ao Rio apenas para conhecer o mar, e que no outro dia iria voltar cedo para Juiz de Fora. Ele disse que pagava e eu entrei no carro dele. Me lembrei na hora de minha mãe contando as historias sobre o Rio. Deveria ter pensado antes; Fomos para a Barra da Tijuca. O restaurante a beira mar, maravilhoso. Imagine eu, acostumado com o " dia e noite", sentado naquele restaurante maravilhoso, onde o garçon me tratava de senhor.

Voltamos pra Copacabana e ele me convidou para jantar ( logico que aceitei). Ele me chamava de " mineirinho".

A noite no horario marcado, ele me pegou na porta do predio e me convidou pra ir no apartamento de um amigo dele. Chegando lá, ele pegou na minha mão e de mãos dadas , entrou no apartamento. Tinha mais quatro casais, e todos muito educados. Rapidamente fiquei a vontade.

Uma hora da manhã, eu já estava meio alto e disse pra ele que eu estava afim de ir embora porque ja estava ficando tarde, e ele disse que era pra eu não me preocupar ,que eu iria dormir na casa dele, que assim eu não incomodava a dona da pensão. Como o papo estava muito bom, fui ficando. Mais tarde, começaram a fumar um cigarro com um cheiro estranho e um dos amigos dele, me ofereceu. Ele não deixou que eu aceitasse e nem fumou também. Percebi que ele fumava, mas que não fumou hoje porque eu estava perto.

Saímos do apartamento e um amigo dele, na hora que ele foi ao banheiro me deu um cartão de visitas,onde dizia que ele era dentista, e com um sorriso safado se colocou a minha disposição.

Mostrei o cartão do amigo e ele ficou puto da vida com o amigo, não entendi bem o motivo de tanta raiva, mas tudo bem.

Fomos jantar. Que chic, ele parou na porta do restaurante, o cara veio, pegou as chaves do carro e foi estacionar o carro dele.

Entramos. Meu queixo caiu. Velas acesas, o restaurante todo na penumbra, as pessoas apenas balbuciavam, ninguem virou a cabeça pra ver quem entrava.

Jantamos e fomos pro apartamento.

Fiquei sem graça de ficar só de cuecas e ele percebendo minha timidez, meu emprestou um pijama curtinho, todo de seda, nossa que delicia, o pijama parecia que fazia caricias no meu corpo.

Deitamos e ele se deitou no meu peito. Me roubou um beijo. Que beijo, e eu que achei que beijava bem...

Conversamos até tarde e depois de algumas caricias ousadas, dormimos.

Um comentário:

WEBERT BRITTO disse...

Lu e Dani;

Vcs são para mim, o exemplo perfeito em que as "diferenças" convivem muito bem quando o princípio básico de tudo seja o AMOR! Parabéns pelo convívio fraterno e que tenham muitas felicidades ! ! !